Contos de um carrossel

Aquele menino olhou para o seu amigo. Em prantos, escutava apenas as palavras:
- Confie em mim! Não existe hipocrisia, não existe mentiras. Me dê essa chance!
E, ingenuamente, aquele menino acreditou. Ambos embarcaram em um mundo colorido, onde tudo era permitido. Não existia hipocrisia, não existia mentiras. Eram apenas verdades. Era tão utópico aquele lugar, com todas aquelas luzes, aqueles brinquedos - em especial, o carrossel -, aqueles palhaços. Palhaços. Com todos aqueles balões, aqueles artistas entregavam balões para as crianças. E com um balão na mão, aquele menino ingênuo conhecia um novo mundo novo, onde tudo era excitante e, ao mesmo tempo, intrigante.

Foi quando o seu amigo lhe dirigiu a palavra:
- Não disse que aqui seria tudo do bom e do melhor? Você viu o que é confiar nos outros? Eu lhe disse, não tenha medo! Não existe dor
Dor...essa palavra acordou os sentimentos mais obscuros do menino. Ele se lembrara do seu passado, onde sofrera tal aspecto físico, mas na forma psicológica. Uma lágrima cai em seu rosto e atinge o solo.
- Dor...você me fez lembrar de tudo...
Nesse exato momento, ele acorda de um transe involuntário. Tudo ao seu redor toma seu verdadeiro aspecto. Não era nada colorido, mas sim cinza. Sua vida naquele momento estava cinza, mas era o que ele vivia. Era aquilo que lhe garantiam o que era válido!
- Você me fez acordar pra realiade. Você me fez lembrar que o mundo é hipócrita, é mentiroso e é falso. E mais, você me fez lembrar a verdadeira razão pela qual eu sentia dor. Foi por ter confiado em ti e ter me arrependido. Foi você que fez eu quebrar a cara e não ter mais coragem em acreditar nas pessoas. Foi você... você é o responsável por tudo isso, por esse emaranhado de pensamentos. Somente você, e nada mais.
E nesse momento, todo o mundo cinza foi tomando sua verdadeira forma. Aquele mundo utópico nada mais era do que uma estação de trem. Os palhaços eram entregadores de panfletos e ambulantes. O seu balão nada mais era que um folheto de propaganda. Propaganda...
Apenas uma cerca os separava. Agora não existia um menino ingênuo, mas sim um homem que acordou pra realidade.
- Acreditar e confiar em palavras que simplesmente saem da boca e não do coração é utópico. Isso sim é hipocrisia. Mentir... hoje gostaria de saber desde quando você me ilude com essas palavras...
Nesse exato momento, o que separava os amigos era uma cerca. E não houve tempo de reação, apenas palavras...
- Meu trem chegou. Quem sabe, até um dia...
Ele foi-se. Deixou aquela pessoa que, agora, era nada mais que um estranho. E junto com ele ficou toda a ilusão que um dia fora cultivada...
No trem, toca uma música que o refrão remete a toda história...

If someone said three years from now, You'd be long goneI'd stand up and punch them out, Cause they're all wrongI know better, Cause you said foreverAnd ever, Who knew...

Acabou-se como a música...um conto de amigos, destruido pelo acaso...
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Baseado em um momento de minha vida, parafraseando outro momento da vida de um amigo meu...
Ótimo fim de semana!

6 comentários:

Anônimo disse...

the best post of them all! you really know how to do beautiful texts :)

Guilherme disse...

como eu já disse:
PERFEITO. (:

Lucas Coelho disse...

*This is Perfect!
Até parecia um trecho de algum livro!
O.o
Continue com esses tipos de Posts! =D

Ka Alencar disse...

Palavras tristes lançadas ao vento. Palavras que, aos olhos de cada leitor, tomam diferentes formas.. Lagrimas, lâminas, correntes, um fim... Formas inesperadas e inusitadas, especificas para cada um que lê.
Lindo texto Carlitchos! Bom te ver aki no blog.. rs
=******

Anônimo disse...

essa moda de blog pega, hein?

Anônimo disse...

wow gostei pkas do texto!
e ahazou com pink ae no final =P