A menina de semblante triste

Em uma selva de pedra, com várias árvores de concreto e cipós de aço, existia uma menina delicada. O seu nome ninguém conhecia, mas todos a chamavam de "A menina de semblante triste". Ela era uma menina meiga, bonita, delicada. Todavia, ela possuia um problema. Nunca em sua vida conseguiu sorrir e, deste modo, possuia uma expressão extremamente triste.

Um dia, para compensar todo esse seu vazio interior, ela decidiu adotar algumas aves que voavam sobre a floresta a qual ela habitava. Dessa forma, ela poderia nutrir toda aquele vazio interior.

Das aves que ela adotara, todas possuiam características peculiares. Ela decidiu adotar 5 aves: um papagaio de fala restrita, uma gralha mala, um corvo que não a respeitava, um cuco que queria colocar seus ovos nos ninhos dos outros e um pombo de caráter extremamente repugnante. O papagaio era uma espécie rara. Por mais que falava, sua voz nunca saía e, quando saía, era algo que ninguém entendia; a gralha só tinha um interesse: o de falar muito e coisas sem nexo; o corvo não queria nada com nada mas, ao mesmo tempo, deseja tudo o que a menina possuía; o cuco só desejava colocar os seus ovos e, dessa forma, continuar o seu legado; e o pombo era imundo ao ponto de sujar tudo ao seu redor.

O tempo foi passando e a menina foi criando laços de amizade com esses pássaros. O seu laço de amizade era forte não com um, mas com todos ao mesmo tempo. Mas um dia, começou uma briga entre as aves pelo motivo banal: alguém sujara o poleiro. A briga começou entre o pombo e o corvo e, foi se arrastando para as outras aves. Quando perceberam, todos estavam envolvidos. Nesse momento, coube a menina do semblante triste escolher qual das aves era a errada e, dessa forma, puni-la

Então após uma longa decisão, ela escolheu o papagaio como o principal causador de todo esse caos entre seus amigos. E na lei da selva de pedra, os culpados deveriam pagar com suas vidas. Então ela envenenou a ave, a fim de dar cabo nela. Nesse momento, enquanto padecia, o papagaio finalmente conseguiu falar:

- Minha jovem senhora, eu sou apenas uma ave que repete o que o seu dono fala. Em toda a minha existência, eu sempre repeti o que a senhora disse. E também, com o passar dos tempos, eu fui copiando os seus atos. E durante todo esse tempo, eu aprendi coisas maravilhosas como você, como não mentir e sempre lutar de frente com os meus problemas. E com esse meu voto de repetir os seus atos, fui castigado a pagar por um erro que não foi meu. Mas eu entendo minha senhora que, se essa é a sua vontade, eu estarei aqui para cumpri-la. Não sou nada mais do que um objeto seu. Tentei ser algo mais do que isso, porém foi inviável tal aproximação.

Nesse momento, o semblante da menina fechou-se mais ainda. Toda aquela conversa fez com que a menina do semblante triste chorasse. E no meio as lágrimas, ela balbuciava:
- Querida criatura, me perdoe. Não fiz por mal. Eu simplesmente tinha que escolher uma pessoa e, no meio da confusão, eu escolhi o mais fraco. Mas posso ver que de fraco, você não tinha nada.

O papagaio, em seus últimos suspiros, responde:
- Não tem com o que se preocupar minha senhora. E muito menos se desculpar. Foi um juízo seu que fez isso. Você fez uma escolha partindo dos seus princípios. Acredito em você minha senhora e creio que um dia fará algo de bonito para os homens. E durante toda essa minha vida, eu vivi na forma mais eudemônica possível. Meus últimos votos para você minha dona é que um dia seja como eu e viva feliz...

Nesse momento, o papagaio falecera. As outras aves chegaram perto de sua dona e exclamaram um em um só som:
- É fácil culpar aqueles que repetem sempre a mesma coisa. Mas a verdade esteve sempre ao seu lado e você nunca viu. O que lhe dava conforto não era a nossa presença, mas sim a presença do papagaio que não falava, já que ele só escutara você, diferentemente de nós. Agora nossa antiga dona, divirta-se sozinha já que da nossa companhia, a senhora não terá mais.

As aves bateram asas e voaram para longe daquela selva. A senhora deles ficou no chão, ao lado de uma ave morta que possuia a razão, aclamando pela aquela pobre vida. Mas de nada adiantou, já que a menina não era capaz de voltar no tempo para corrigir os seus erros.

E de toda aquele caos que ficara, a menina do semblante decidiu seguir ao menos o último conselho do seu amigo que só lhe escutara, mas pouco falava: ela decidiu ser feliz. E, pela primeira vez em sua existência, ela sorriu, como forma de retribuir o último pedido de seu único amigo falecido.

6 comentários:

Ka Alencar disse...

ta todo escritor ess eguri.. Bom de mudar o curso de direito pro de letras =P
Depois, publicar o livro de contos
rsrsrs
=********

Anônimo disse...

haha faça letras [2]
credo, escrever contos n eh nda facil, e jah eh o segundo seu q eu vejo, tem dom pra coisa carlos HAHA

abs o\

Unknown disse...

Tocante =o
muito bom
faça letras [3] :}
muito bom mesmo *-*
o/

joão disse...

profundo! :0
gostei do conto! :)
faça letras [4] AKSLMÇAS

\o

@amaliaprade disse...

que lindo *-*
nem tinha visto ainda o.õ
parabéns, carlos! :D